Dr. Cosme de Campos Callado

Formado em Direito
pela Universidade de Coimbra

Nasceu em Benavila (Avis) em 6 de Julho de 1871
e aí faleceu em 30 de Junho de 1948.
Filho de Francisco d´Abreu Callado
e de Maria Madalena Godinho d´Abreu,
Irmão de Rosa Madalena Godinho d´Abreu,
Beatriz Angélica Godinho d´Abreu
e de José Godinho d´Abreu.
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FAMÍLIA Abreu Callado

A riqueza ascendente e a consequente importância social da família Abreu Callado, remontam aos finais do antigo regime constitucional (que só terminou em 1910), quando José de Abreu, lavrador-rendeiro casado com Rosa do Carmo Monteiro Callado Godinho, beneficia da legislação pombalina que amplia a instituição da "enfiteuse" (o mais amplo direito real sobre coisa imóvel alheia, com a obrigação de pagar ao proprietário uma certa renda anual… constitui-se pela transcrição legal, pela sucessão hereditária e pelo usucapião), a qual facilitou a transferência das propriedades pertencentes a famílias da nobreza (como os Vaz Negrão e os Soeiro Fortio de Leão, residentes em Benavila), para os lavradores, "(…) reforçando a sua posição de posse da terra e impondo a rigidez dos arrendamentos das herdades alentejanas" (M. Antónia Pires de Almeida, 2006, P.51). Os seus filhos, João de Abreu Callado e Francisco de Abreu Callado, ao constituírem, depois da sua morte, casas agrícolas distintas, beneficiarão após a revolução liberal de 1820, não só da legislação pombalina, mantida por Mouzinho da Silveira no que diz respeito aos bens patrimoniais, como de toda a restante legislação liberal, reforçadora da propriedade burguesa.

Só que Francisco Abreu Callado (1835-1913), ao casar com Maria Madalena Godinho (1840-1889), proveniente da riquíssima família Godinho, originária da vila de Galveias, aumentará substancialmente a riqueza herdada de seu pai, alargando o seu património fundiário não só no concelho de Avis, como aos de Arraiolos, Alter do Chão, Fronteira e Estremoz. A compra de propriedades (efectuada na segunda metade do século XIX) tornou-se num factor de ascensão social para Francisco Abreu Callado, que passará a beneficiar do estatuto de membro da elite fundiária avisense e alentejana.

Entretanto, com o objectivo de defender a sua posição económica e social, ocupará o lugar de líder local do Partido Progressista, pelo qual será eleito Presidente da Câmara de Avis, entre 1890 e 1892, cargo que abandonará (julga-se) por motivos de doença, mas que conservará para o Partido Progressista, através da eleição (graças à sua influência junto dos grandes proprietários eleitores) do irmão João de Abreu, que será presidente de 1892 a 1898.

Por sua vez, e segundo o jornal (quinzenário) benavilense "O Pescador", de 1 de Janeiro de 1914, a sua condição de bom cristão levou-o a praticar ao longo de toda a sua vida, acções de benemerência, tais como: custear os restauros das igrejas de Nossa Senhora d' Entre-Águas, da Misericórdia de Benavila e de S. Saturnino de Valongo, e de todas as actividades festivas de cariz religioso da sua freguesia.

Segundo o mesmo jornal, ofereceu também à Junta da Paróquia de Benavila todo o terreno necessário à construção de um novo cemitério, por estar esgotado o que confinava com a nova Igreja Matriz.

Quando faleceu, a 1 de Dezembro de 1913, em resultado de doença prolongada, deixou uma filha e dois filhos, Rosa Madalena Godinho de Abreu, Cosme de Campos Callado e José Godinho de Abreu.

Antes da sua morte, faleceu no entanto prematuramente, a 16 de Abril de 1900, a sua outra filha de 27 anos, Beatriz Angélica Godinho de Abreu.

Tudo indica que os três irmãos, por fidelidade à memória do pai, mantiveram a concentração

fundiária até às últimas consequências, pois "apesar da existência de alguns romances", nenhum contraiu matrimónio.

Rosa Magdalena Godinho de Abreu (1869-1941), dedicará a sua vida à governação doméstica da casa, aos afazeres religiosos e à caridade.

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José Godinho de Abreu (1879-1946) será o responsável pela lavoura e pecuária da Casa Agrícola, e também ele desempenhou funções  autárquicas no concelho de Avis (vice-presidente da câmara entre 1902 e 1904). Sendo um grande apaixonado pela pecuária, era um profundo conhecedor da selecção de gados, muitos deles premiados nos mais diversos certames espalhados pelo país. Da criação de cavalos da sua 'casa agrícola', sairia o Kalifa – campeão internacional que em 1931, montado pelo concursista Mena e Silva, venceu o concurso Hípico de Nice. Finalmente, Cosme de Campos Callado (1871-1948), Bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra, desempenhou simultaneamente as funções de administrador da sociedade agrícola constituída pelos três irmãos após a morte do pai e de líder político concelhio: Administrador do Concelho em 1901, Vice-Presidente de Câmara entre 1905-1908, Presidente de Câmara nos períodos 1908-1910 e 1923-1930, e Presidente da Comissão Administrativa da mesma Câmara no período 1933-1934.

Os três irmãos continuaram a obra benemérita do pai: no começo dos anos 30, custearam a totalidade da montagem de um laboratório de análises no hospital de Avis, assim como da escola primária (em 1932, na Rua do Rossio), de uma central eléctrica para Benavila, e já no início dos anos 40 mandaram construir um 'asilo' inicialmente presidido por Cosme de Campos Callado, ao qual deram o nome de sua saudosa mãe, D.ª Maria Magdalena Godinho de Abreu, destinado a albergar os idosos de ambos os sexos do concelho de Avis, dando no entanto prioridade aos de Benavila que tivessem trabalhado na casa agrícola da Família. Após a morte de Rosa Magdalena Godinho de Abreu e de José Godinho de Abreu, o já Comendador da Ordem da Benemerência, Cosme de Campos Callado, que ficou só (à frente da Casa Agrícola e do Asilo), sem descendentes directos e solteiro como os irmãos já falecidos, decide em testamento público, lavrado em 16 de Julho de 1947, que todos os seus bens, à hora da sua morte, fossem afectados a uma Fundação que perpetuasse a Casa Agrícola fundada por seu pai, garantisse a qualidade de vida dos seus criados e a educação dos filhos destes e dos restantes trabalhadores rurais, não só de Benavila como do restante concelho de Avis.

Cosme de Campos Callado, o último dos membros da família Abreu Callado, faleceu em Benavila, no dia 30 de Junho de 1948, aproximadamente um ano após ter mandado lavrar o seu testamento. A escritura de criação da sua Fundação teria lugar em 22 de Dezembro 1948, sob a iniciativa do Dr. Jayme Pimenta Prezado

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